O Bairro Camargos era apenas uma colina coberta por mato e cercada por arame farpado quando o casal Maurílio José Coelho e Maria José Pereira (Dona Zinha) construiu a casa e se mudou para o local. “Aqui era a sede do Arraial Camargos. Com o progresso, os herdeiros das terras ficaram com medo de uma possível ocupação e lotearam a área, vendendo terrenos baratos e com pagamento parcelado”, conta Maurílio.
Hoje, o bairro, que fica na Região Noroeste, tem infraestrutura completa e o casal diz que não há lugar melhor para viver. Mas, para abrir as ruas e conquistar a luz e a água da Copasa, os dois tiveram que mobilizar vizinhos, fundaram a primeira associação comunitária e cobrar providências do poder público. “Se fosse esperar o plano de expansão de luz e água ia demorar demais para sermos atendidos”, conta Dona Zinha.
Na década de 1970, com a implantação da Via Expressa, o bairro saiu do isolamento e atraiu muitas famílias, que se beneficiavam da facilidade de morar entre Belo Horizonte e Contagem. O bairro agora tem fácil acesso, seja pelo Anel Rodoviário ou pela Via Expressa Leste-Oeste, e o transporte coletivo é feito por quatro linhas de ônibus e o metrô, na Estação Cidade Industrial. O comércio se desenvolveu, sobretudo nas ruas Soares Nogueira, Marques Rebelo e Itaunense.
A sucessão de lutas dotou o bairro de melhorias, como asfalto, escolas públicas e uma praça de esportes, e consolidou o forte espírito de comunidade, o que também contribui com a qualidade de vida na região. No bairro ainda há muitos moradores antigos que se somam aos habitantes dos muitos conjuntos habitacionais erguidos no Camargos e mantêm a organização comunitária.
Com a verticalização da capital, a partir dos anos 1970, o bairro ganhou pequenos edifícios. “Mais da metade dos moradores daqui agora reside em apartamentos e a convivência entre vizinhos ficou um pouco mais restrita, mas há pontos positivos. O lugar é calmo, alto, com uma vista bonita”, conta o metalúrgico aposentado Maurílio José Coelho.
2. DESENVOLVIMENTO/INFRA-ESTRUTURA:
A segurança, segundo o morador, melhorou com a patrulha comunitária. “As ruas são tranquilas, o comércio é bom e muita gente quer morar aqui. Há opção de apartamentos para vender e alugar, mas encontrar casas e lotes vagos é mais difícil.”
Estudos feitos na capital, por meio da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG), classificam o Bairro Camargos como popular. Pelo levantamento realizado em março de 2009, o valor do aluguel de um apartamento de dois quartos era de R$ 427,25. Para compra e venda, o preço praticado em janeiro variou de R$ 65 mil a R$ 85 mil para apartamentos de dois quartos.
Nos classificados da capital, são raros os anúncios de imóveis para aluguel, compra ou venda no Bairro Camargos, o que comprova que muita gente, como Maurílio e dona Zinha, descobriram os encantos do lugar.